By Paulo QueirozArtigos
O Enólogo. Por Jucelio Kulmann de Medeiros. Concurso Cultural NOSSO VINHO.
Inscrição no Concurso Literário NOSSO VINHO.
Por Jucelio Kulmann de Medeiros, Enólogo.
As grandes obras e ações da humanidade costumam ser divididas em diferentes áreas, sejam ciências exatas, ciências humanas, ciências sociais e assim por diante, subdivididas nos seus diferentes ramos. A Enologia, porém, parece ser uma exceção à regra. Embora a profissão seja considerada como um ramo da química, qualquer amante do vinho que se preze percebe algo de poético, literário, histórico, científico, biológico e racional no caminho das uvas aos vinhos.
O enólogo é, a bem da verdade, um misto de alquimista e cientista: sabe o que faz, mas usa de sua intuição na obtenção dos melhores resultados. A figura deste profissional desfilou pela história da humanidade nas mais diversas facetas. Foi deus, na figura de Baco; monge, na dos medievais mestres de adega das abadias européias; cientista, na figura de pioneiros como Louis Pasteur. Hoje, é um pouco de tudo. De profissional misterioso a atuar nas frias e escuras cantinas, o enólogo é hoje uma pessoa como tantas outras, mas na qual a paixão pelo vinho é tanta que não se contenta apenas em degustar: quer ver a uva, elaborar o vinho, esperar sua maturidade, brindar a vida, celebrar grandes safras.
Deixando-se um pouco o lado poético, o enólogo atual é um profissional que, apesar do amor pelo vinho, possui o domínio sobre o cultivo das vinhas, das cinéticas fermentativas, da elaboração dos vinhos, as práticas de cantina e do longo processo de estabilização e envelhecimento dos vinhos, unidos à sensibilidade e o talento enológicos. Está sempre em constante atualização, é curioso, experimenta, testa, inova, vai além de suas simples atribuições. Vai também ao encontro do consumidor, sempre ávido por novidades e pelos antigos e consagrados sabores, atualizado e sincronizado com a arte enológica.