By Paulo QueirozTinto, Vinhos
A paixão pelo Barolo
Entre tantas regiões, uvas e produtores no mundo, os Barolos tem um lugar especial. Muitos questionam os altíssimos preços que os bons Barolos atingem no mercado e chegam a olhar com desdém sua produção. Outros, acostumados com vinhos jovens, madeirados e potentes, feitos aqui no Novo Mundo, não reconhecem nos Barolos o valor devido.
O fato é que alguns produtores dessa minúscula região do Piemonte alcançaram níveis de qualidade com características únicas. A Nebbiolo nas mãos de Roberto Voerzio, Aldo Coterno, Bruno Giacosa e Renato Ratti oferecem vinhos magníficos, com potencial de envelhecimento de décadas. Barolos entregam aromas de fumo, couro e carvalho tostado, com sabores de fruta trufada, framboesa e alguns com perfume de rosas. São vinhos raros e caros é verdade, mas foram feitos com enorme paixão por estes produtores e um cuidado na seleção, produção e envelhecimento apenas igualáveis aos melhores produtores franceses.
Agora mesmo, a fantástica safra de 1999 atingiu o seu ponto de consumo. Muito se fala das safras de 1999, 2000, 2004 e o sucesso do Piemonte deve continuar por tudo que se ouve e lê sobre as safras de 2005 e 2006. Eu ainda não bebi nada de 2005 e 2006. Se pudesse ainda assim não faria agora, mas sim daqui a 4 ou 5 anos.
Enfim, Barolos não são para qualquer dia, nem podem ser consumidos com avidez, algo para aguardar. Poderia comparar o consumo do Barolo com o milésimo gol do Pelé. Este deveria mesmo ser de pênalti, pois Pelé sabia que o gol chegou, Andrada sabia que iria tomar o milésimo, os repórteres puderam se organizar para as fotos e filmagens e o gol finalmente entrou para a história.
