Bad Boy 2006

Last Updated on setembro 6, 2024 by Paulo Queiroz

No início desta semana, meu amigo Pedro Assumpção, um apaixonado por vinhos franceses, entrou na minha sala com um sorriso no rosto e uma garrafa peculiar na mão. “Pesquise sobre esse vinho, você vai se divertir”, ele disse. A garrafa tinha um rótulo incomum: uma ovelha negra ao lado de uma placa indicando “GARAGEM” e o nome intrigante: Bad Boy 2006.

A História por Trás do Bad Boy

Jean-Luc Thunevin é o nome por trás do Bad Boy 2006. Ele começou sua jornada no mundo dos vinhos de uma maneira pouco convencional. Após ser DJ, restaurateur e dono de uma loja de vinhos, Thunevin comprou uma pequena propriedade de 1,5 hectares em Saint-Émilion em 1991. Com essa aquisição, ele começou a produzir o Chateau Valandraud, um vinho feito em quantidades mínimas, com produção inicial de pouco mais de mil garrafas. O vinho, produzido literalmente em sua casa, logo ficou conhecido como “vinho de garagem”, um termo inicialmente usado de forma pejorativa. No entanto, Thunevin rapidamente transformou essa expressão em sinônimo de qualidade e inovação.

O Movimento dos Vinhos de Garagem

Percebendo o potencial, Thunevin liderou o movimento dos Vinhos de Garagem — vinhos de produção limitada e alta qualidade, que, por consequência, alcançaram preços elevados. Outros vinhos franceses como Château La Mondotte e Le Pin seguiram o caminho do Valandraud, tornando-se ícones desse movimento. Robert Parker, famoso crítico de vinhos, apelidou Thunevin de “Bad Boy”. Isso inspirou Thunevin a criar um vinho que desafiava os padrões de Saint-Émilion, resultando na criação do Bad Boy 2006.

Produção e Características do Bad Boy 2006

O Bad Boy 2006 é feito 100% com uvas Merlot, provenientes de três propriedades em Fronsac e Pomerol. Esta safra, comparada à de 2005, saiu mais civilizada, menos potente e mais elegante. Foram produzidas 70 mil garrafas desta edição. Demonstrando seu espírito inovador, Thunevin cobriu suas vinhas com uma lona para protegê-las do excesso de chuva, o que, no entanto, fez com que o vinho perdesse a denominação específica de Saint-Émilion, ficando como Apellation Bordeaux Contrôlée. Como bem observou meu amigo José Aurélio, colaborador do NOSSO VINHO: “Que bom que ele usou a lona… O vinho está verde ainda, mas tem aquele queimado e o tabaco típico de Bordeaux, numa medida certíssima.” Sem dúvida, uma verdadeira curtição!

Evolução e Safras Recentes

Após o sucesso do Bad Boy 2006, Jean-Luc Thunevin continuou a produzir vinhos de garagem, mantendo a essência de exclusividade e qualidade. O Chateau Valandraud, por exemplo, evoluiu para um Grand Cru Classé de Saint-Émilion. Thunevin expandiu seu portfólio, explorando novos terroirs e incorporando práticas sustentáveis e inovadoras. As safras recentes do Bad Boy continuam fiéis ao conceito original: vinhos acessíveis, mas de alta qualidade. Ainda produzidos com 100% Merlot, esses vinhos refletem o caráter rebelde de Thunevin, mantendo-se fora dos padrões tradicionais de Bordeaux, mas sempre com um toque de excelência.

Além disso, Thunevin ampliou sua atuação, investindo em novas regiões e técnicas, o que inclui o lançamento de novos rótulos como “Baby Bad Boy” e “Bad Girl”. Ele adaptou suas práticas à demanda por vinhos mais sustentáveis, sem perder o estilo autêntico que define sua marca.

Portanto, Jean-Luc Thunevin não apenas manteve o espírito dos vinhos de garagem, mas também evoluiu constantemente, adaptando-se às mudanças do mercado e inovando com cada safra. Se você procura um Bordeaux que desafie as convenções, os rótulos de Thunevin, incluindo as versões mais recentes do Bad Boy, são certamente uma excelente escolha.

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