Conheça mais sobre o Felipe Snege, vencedor do concurso de Fotografia Digital 2012.

Last Updated on agosto 8, 2023 by Paulo Queiroz

Este post é dedicado ao Felipe Snege, vencedor do Concurso Cultural de fotografia digital do blog NOSSO VINHO 2012. Conheça mais sobre o Felipe, nas palavras dele próprio.

Quem sou

Tenho 28 anos, publicitário, profissional de mídia na agência DM9 desde 2007. Nasci em Santos e vim para São Paulo (cidade do meu coração) em 2004 para estudar na ESPM, onde me formei em publicidade. Vivo com uma mulher incrível, a Ana Lúcia, advogada, grande companheira no beber (principalmente) e no estudar vinho.

Gosto muito de música, especialmente bossa-nova, jazz e música clássica. Mas juro que, apesar desses gostos sou uma pessoa com zero de afetação. Sempre acreditei (e prego!) que o cultivo pelas coisas bacanas não precisa fazer de ninguém um chato.

 

Interesse pelo vinho

O primeiro contato profundo com vinho veio quando eu tinha por volta de uns 16 anos. Entretanto, nesse momento, ele foi basicamente teórico. Meu padrasto de então me trouxe um livro (O Tintos e Brancos do Saul Galvão) bem completo. De largada fui sabendo tudo sobre a França. Entre outras coisa quem eram os grandes da Classificação de 1855, quais as principais regiões e que um vinho que trazia “Appellation Bordeaux Contrôlée” era “apenas” um genérico. Um pequeno parênteses: quando alguém me pede uma dica para presentear alguém e esse alguém é algum “sabichão” do vinho ou do luxo, sempre recomendo comprar qualquer um escrito Bordeaux ou Bourgogne. O “sabichão” sempre vai achar que ficou por cima – e nem foi preciso gastar muito com ele.

 

Interesse definitivo pelo vinho

O vinho só entrou fortemente na minha vida após dois fatores importantes. O primeiro foi ter terminado a adolescência e poder arriscar a compartilhar a bebida com os amigos sem ser considerado um alienígena. Mas o mais importante aconteceu em um determinado dia. Foi quando consegui detectar pela primeira vez os tais aromas do vinho. Comigo isso aconteceu por uma razão muito simples. Ao invés de inspirar a bebida rapidamente eu passei a inspirar o mais lentamente possível, quase que deixando entrarem os aromas naturalmente pelo nariz. Foi ali que eu passei, no lugar se sentir álcool puro, a sentir as “frutas vermelhas”, o “couro”, a “baunilha” etc. Foi um divisor de águas.

Desde então continuo a ler (e praticar) regularmente sobre o assunto, pesquisando sobre cada garrafa que eu compro e/ou bebo.

 

A viagem da foto

Em junho desse ano (2012) fui participar do Festival de Cannes (Cannes Lions) – havia ganho um prêmio no Brasil, o Young Lions, na categoria Mídia. Após o festival, com um carro que eu minha esposa tínhamos alugado demos uma esticada até a Provence. Sempre foi nosso sonho conhecer aquela região incrível, fotografar campos de lavanda, visitar cidades únicas etc. Nos baseamos na cidade de Aix-en-Provence.

Em se falando de vinhos a região tem dentro dela não apenas a AOC Provence mas abriga todo o Rhône Meridional (Cotes de Ventoux, Cotes du Louberon e, a mais famosa, Chateauneuf-du-Pape). Um dia dedicamos a conhecer Avignon, que abriga o palácio que foi sede do papado por quase um século, e a charmosíssima cidade de Chateauneuf-du-Pape (a 15 minutos de Avignon). Um fato chamou a minha atenção de enoviajante desavisado: os grandes produtores do Rhone (ex: E. Guigal, Vidal Fleury, M. Chapoutier), apesar se possuírem rótulos dessa AOC não tinham muito espaço por lá. A cidade valorizava os produtores que tinham suas raízes na cidade. Por isso não consegui achar um mísero exemplar desses produtores. Aliás tive dificuldade em encontrar uma loja de vinhos. O que havia na ruazinha principal eram estabelecimentos de um produtor só (no caso, o dos próprios donos). Eu imaginava encontrar diversas caves onde eu iria poder fazer uma sequência de degustações de diversos produtores. Negativo. Só consegui encontrar um único lugar com essa característica. Esse lugar é uma cave chamada de Le Verger des Papes. Foi nesse lugar incrível que eu consegui tirar a foto vencedora.

Nessa mesma viagem tivemos experiências gastronômicas inesquecíveis como o restaurante Christian Etienne (1 estrela Michelin) em Avignon (grudado no Palais des Papes) e o Moustier St-Marie do consagradíssimo Alain Ducasse na cidade de Bastide de Moustiers.

Conhecemos um lugar único, chamado Gorges du Verdon próximo Bastide de Moustiers. O maior cânion da Europa Ocidental, onde há o verdíssimo Rio Verdon (origem de seu nome) que desemboca no, lindíssimo Lac de Sainte-Croisse.

A Provence tem coisas tão particulares que até o vento tem um nome próprio, o Mistral. Esse vento, forte, constante e seco determina a vida de todo o sul do país.

É uma viagem que, para ser mais bem aproveitada, deve ser feita com muito planejamento. Por exemplo, sabíamos em que redondeza iriamos encontrar as lavandas floridas em função dos dias do ano, já que sua floração é relativamente curta e depende de fatores micro climáticos.

 

Acredito:

-Dá para tomar um vinho gostoso com algo por volta de R$ 60.

-Dá para tomar um vinho memorável com R$ 150.

-Dá para tomar um vinho de joelhos com R$ 200.

-É possível beber e estudar vinhos sem ser um enochato.

-É muito chato beber um vinho sozinho. Respeito quem consiga mas ainda não cheguei lá.

-É deliciosa a capacidade da bebida de gerar histórias, sejam elas do vinho ou pelo vinho.

a foto do topo é do Felipe:  Campo de Lavanda – Plateau de Valensole (à beira da estrada)

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